A síndrome da apnéia obstrutiva do sono é hoje um problema de saúde publica, pois milhões de brasileiros sofrem com essa síndrome e um número considerável deles não sabe que está convivendo com ela. Por isso a importância de conhecer esse quadro.
Sabemos que a nossa expectativa de vida aumentou nas ultimas décadas, sendo assim temos que cuidar de todos os aspectos que garantem uma boa qualidade de vida, e que antes não eram considerados.
A síndrome da apnéia obstrutiva do sono, é um disturbio do sono caracterizado pela obstruçaõ da passagem de ar, na região da orofaringe durante o sono, causando várias paradas respiratorias e despertares breves durante a noite, tornando o sono fragmentado e não reparador. Esses despertares não são percebidos pelo paciente.
Todos os pacientes que sofrem de apnéia roncam, más nem todos que roncam sofrem de apnéia.
A prevalencia da apnéia obstrutiva do sono é maior em homens, más mulheres também são acometidas.
Quando dormimos o sono vai evoluindo em estagios do mais leve para o mais profundo, repetidas vezes, em ciclos.
A apnéia obstrutiva do sono, impede que o paciente chegue nos estágios de sono profundo, pois ao entrar na fase de maior relaxamento, começam os episódios de apnéia, o paciente desperta, e volta para o estágio inicial.
Nessas fases de sono profundo ocorrem importantes mecanismos de regulação do nosso organismo, vou citar alguns: consolidação de memórias, redução do hormônio da tireoide, para diminuição do metabolismo, produção de GH que é o hormônio do crescimento. A redução na produção do GH causa umento da gordura corporal, diminuição da massa muscular, diminuição da densidade óssea.
Durante os episódios de apnéia, teremos também um aumento da pressão arterial, aumento da quantidade de gás carbônico no sangue, aceleração dos batimentos cardiacos. Toda essa desrregulação na dinamica do sono aumenta considerávelmente o risco de infarto, e de cardiopatias, depressão, entre outras comorbidades.
O diagnóstico da apnéia obstrutiva do sono geralmente é feito pelo relato da pessoa que dorme ao lado do paciente, o companheiro percebe que o paciente ronca muito, e faz episódios de parada respiratória, acordando de forma abrupta, sufocando, e voltando a dormir rapidamente.
O paciente apresenta como sintomas fadiga crônica, sensação de que não dorme direito, sonolência diurna excessiva, irritabilidade, dores de cabeça e redução do rendimento no trabalho, déficit de memória atenção e raciocínio, só para citar alguns. Esses sintomas são frequentemente atribuidos ao cansaço das atividades diárias, ou ao efeito da idade, dificultando o diagnóstico.
A pressão alta resistente, ou seja, que não melhora com o uso de apenas um medicamento, pode ter sua causa na síndrome da apnéia obstrutiva do sono e esse fator nem sempre é observado pelo médico.
A constatação de que a pessoa sofre de síndrome apnéia obstrutiva do sono é feita por um exame chamado polissonografia. Este exame monitora o sono do paciente. O resultado nos dirá se o paciente sofre de síndrome da apnéia obstrutiva do sono, quantos episódios de apnéia ocorrem por hora, a duração desses episódios, o número de despertares, a atividade cerebral, frequencia dos batimentos cardiacos, pressão arterial, nivel de oxigenio no sangue, além de outros dados. Todas essas informações serão levadas em consideração na avaliação da gravidade da doença.
A principal causa da apnéia obstrutiva do sono, é a obesidade, pois quando há um acúmulo de gordura na região do pescoço, a passagem do ar fica estreitada pelo volume dessa gordura. Também podemos citar como causas, o aumento do volume das amigdalas e adeníode, mandibula retroposicionada, flacidez muscular que ocorre com o avanço da idade, hipotireoidismo e o uso de ansioliticos e alcool.
Alguns pacientes que apresentam indice de apnéia leve, conseguem reverter o quadro apenas emagrecendo e fazendo atividade física.
Crianças também podem apresentar apnéia obstrutiva do sono, e frequentemente os sintomas são confundidos com deficit de atenção e hiperatividade, por isso os pais devem ficar atentos ao sono das crianças, para que o tratamento seja correto.
Os tratamentos da apnéia o bstrutuva do sono são: perda de peso, atividade física quando a apnéia é leve Uso do CPAP em apnéias mais graves. Muitas vezes o paciente não adere ao CPAP, alguns relatam sensação de sufocamento, rinite alérgica, refluxo com o uso do CPAP, neste caso o tratamento pode ser feito por um dentista capacitado, com o uso de um aparelho intraoral. Esse aparelho leva as arcadas dentarias em uma posição que impeça o fechamentos da orofaringe, permitindo a livre passagem do ar.
Como pudemos ver, são inumeros e importantes os impactos negativos da apnéia obstrutiva do sono para a nossa saúde.
Tenho convicção de que a saúde deve ser abordada de forma integral, para que desta forma possamos tratar as causas, e não os sintomas das doenças.
Espero que essas informações sejam uteis para os leitores.
Fico à disposição para esclarecer duvidas.
Dra Lea Alves
CROSP 33176
Clinica geral, ortodontista e pós graduada em odontologia do sono pelo grupo Neosono.
Bibliografia:
Obstructive sleep apnea – Jennifer M Slowik, Abdulghani Sankari, Jacob F Collen – 2024 (Pubmed)
Diagnosis and Management of Obstrutive Sleep Apnea – Daniel J Gotlieb, Naresh M Punjab 2020 (Pubmed)
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